A minha almofada tem rádio é, além de um programa de rádio, um audioblog e, como tal, dispõe de um mp3 player incorporado.
Se clicar no play de qualquer das músicas disponíveis nos posts, o Yahoo Media Player é lançado e pode ouvir todos os ficheiros do blog, por ordem cronológica, ou escolher especificamente o que ouvir através da playlist. Enjoy!

A Minha Almofada Tem Rádio - Podcast

terça-feira, 29 de abril de 2008

. terça-feira, 29 de abril de 2008
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HISTÓRIA DE UMA BANDA ROCK NOS 70'S



A partir da próxima semana, à 2ª Feira, JP autor do blogue expresso da linha, começará a editar o livro Filhos do Povo do Sul - História de uma Banda Rock dos Anos 70. Trata-se de um lançamento exclusivamente online e em episódios.
A história tem como pivot o grupo musical Ephedra, mas vai para além disso. É a sua visão daqueles conturbados anos de 1970 a 1977.
A banda Ephedra, de que já falámos aqui na almofada, foi fundada em 1970 e destacou-se pela inovação no panorama musical português.
Influenciada pelos King Crimson, Soft Machine e Frank Zappa, entre outros, o grupo tocava um estilo que se viria a chamar rock-progressivo.

Embora tendo infuenciado muitos músicos e grupos, o Ephedra nunca gravou qualquer disco.
A sua existência é quase mítica.
Em breve reaparecerá!

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VIDAS ALTERNATIVAS # 120

O programa de rádio Vidas Alternativas nº 120 de António Serzedelo, inclui uma entrevista com moi meme.
Como diria Carlos Pinto Coelho: -Foi uma saborosa conversa onde se falou de música, rádio, arquitectura, revoluções, teatro e outras instigações culturais.
O VA assegura que a almofada é um suave prazer, que embala as manhãs de Domingo em música e esperança...
A Vidas Alternativas é uma associação cívica e um programa de rádio em linha que apela à participação cívica e política.
Trata-se de um espaço organizado por gente livre à procura de solidariedades globais e locais e que decidiu explorar o ciberespaço enquanto oportunidade de novas liberdades.

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Marca Branca: Programa #7

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sexta-feira, 25 de abril de 2008

. sexta-feira, 25 de abril de 2008
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A MINHA ALMOFADA TEM RÁDIO #8 [UM PROGRAMA SOBRE...NADA]

RÁDIO ZERO - DOMINGO 27 ABRIL - 10 HRS.


OUVIR O PROGRAMA (57 min.)

Trailer Audio Almofada 8 (7:46 m.)


Alinhamento:
Wilson Simonal Não vem que não tem
Quarteto 1111 A lenda de El Rei D. Sebastião
O Povo Canta feat Jorge Benjor O telefone tocou novamente
The Sheiks Missing you
Turin Brakes Pain killer
Stereophonics Have a nice day
Supergrass Allright
Simon & Garfunkel Cecilia
The Beach Boys Do it again
Calexico Alone again or
Calexico Cruel
Trio Mocoto Os orixás
Pop Five Music Incorporated Page one
Os originais do Samba Tenha fé pois amanhã um lindo dia vai nascer

Dia 29 Jerome Seinfeld faz 54 anos. Antecipando a efeméride a almofada preparou um programa sobre...nada - que é como quem diz, um programa sobre as coisas que realmente importam na vida. Como a insustentável pressão de um primeiro encontro romântico, a inutilidade dos programas televisivos de culinária, as tristes figuras que os homens fazem para chamar a atenção das Miúdas Giras, a verdadeira utilidade do odor corporal...

E promovemos um amistoso PortugalxBrasil muito antes de Cristianos ou Kakás.

Pelo Brasil jogam: na zaga Os Originais do Samba, meio campo de luxo com Jorge Benjor e Wilson Simonal e três pontas de respeito: Trio Mocotó.






Portugal alinha com: na defesa o Quarteto 1111, meio campo criativo com os Sheiks e os avançados Pop Five Music Incorporated.






Nenhuma das equipas escalou/convocou goleiro/guarda-redes pelo que se prevê futebol de ataque, com muitos golos!

No intervalo, animação no relvado com Stereophonics, Supergrass, Turin Brakes, Calexico e a presença especial de Simon & Garfunkel e Beach Boys.






Há uma verdadeira indústria de prendas de mau gosto. Todas aquelas prendas para «executivos», aquelas inutilidades de madeira e de bronze com um bocado de feltro verde por baixo. «É uma agenda de secretária anti-stress com um manual de golfe e suporte para gravatas, Papá.»Mas não há nada que chegue ao pisa-papéis como prenda de mau gosto. Para mim, não há nada melhor que um pisa-papéis para dizer: «Não estive para me preocupar.» E onde será que as pessoas trabalham os papéis estarem a voar das secretárias? Estará o meu escritório preso às traseiras de um camião que vai a descer uma auto-estrada ou coisa do género? Ou estarão a escrever no cesto de gávea de um veleiro? Para que é que alguém precisa de um pisa-papéis? De onde vem o vento?


Acho que a ideia por detrás do telefone do carro, do atendedor de chamadas, do telefone com alta voz, do telefone nos aviões, do telemóvel, da cabina telefónica, do pager, do serviço de chamadas em espera, do serviço de transferência de chamadas, do serviço de conferência, da ligação directa, da ligação rápida e da repetição da ligação, é que não temos absolutamente nada para dizer, mas temos de falar imediatamente com alguém sobre isso. Não podemos esperar nem mais um segundo!Deixem-se de tretas! Estão em casa, estão ao telefone, vão a guiar, vão a falar ao telefone, chegam ao escritório e perguntam: «Alguém ligou para mim?» Têm de dar às pessoas a oportunidade de sentirem um bocadinho a vossa falta.



Talvez precisemos de uma espécie de ritual antes de um encontro. Talvez fosse melhor encontrarmo-nos primeiro numa daquelas salas onde se visitam os presos. Temos um vidro entre nós. Falamos pelo telefone. Vemos como as coisas correm antes de tentarmos o encontro propriamente dito. Assim, a única tensão sexual seria decidir se devíamos pôr a mão no vidro ou não. E se a qualquer momento não nos sentirmos bem com a situação, basta fazer sinal ao guarda e eles levam a pessoa.

Um encontro é pressão e tensão. O que é na realidade um encontro senão uma entrevista para um emprego que dura a noite inteira? A única diferença entre um encontro e uma entrevista para um emprego é que são poucas as entrevistas em que haja probabilidades de acabarmos nus.- Bem, Bill, o patrão acha que és o homem certo para o lugar. E que tal se te despisses para ires conhecer algumas das pessoas com quem vais trabalhar?


Até hoje pensava que a pior frase que podia ouvir de uma rapariga era:
"Temos que falar...".
Mas não! A pior frase de todas é: "Eu tambem gosto de ti... mas como amigo."
Isto significa que para ela tu és o mais simpatico do mundo, aquele que melhor a compreende, o mais dedicado... mas nunca vai sair contigo.
Vai sair com um gajo nojento que apenas quer ir para a cama com ela. Ai sim,quando o outro lhe faça alguma das dele, ela chamar-te-á para te pedir conselhos.
É como se fosses a uma entrevista de trabalho e te dissessem:
"Você é a pessoa ideal para o posto, tem o melhor currículo, e o que está melhor preparado... mas não vamos contratá-lo.
Vamos contratar um incompetente.
Só lhe pedimos uma coisa, quando esse gajo fizer asneira, podemos chamá-lo para nos tirar da embrulhada em que ele nos meteu?"
Eu pergunto: o que é que fiz mal? Fomos ao cinema, rimo-nos, passámos horas em cafés... e depois de quantos cafés ficamos amigos de verdade? Depois de cinco? Seis? Com um café menos e tinha ido para a cama com ela!!
Para as mulheres, um amigo rege-se pelas mesmas normas de um Tampax: podem ir para a piscina com ele; podem montar a cavalo; dançar..., mas, a única coisa que não podem fazer com ele é ter relacões sexuais.
Ainda por cima, bem vistas as coisas... se para uma mulher considerar-te "seu amigo" consiste em arruinar a tua vida sexual, o que fará ela com os inimigos? A mim pareçe-me muito bem que sejamos amigos, o que não percebo é porque é que não podemos "ir para a cama como amigos". Eu penso que a amizade entre homens e mulheres não existe, porque se existisse saber-se-ia.
O que aconteçe é que quando ela te diz que gosta de ti como amigo, para ela significa isso e ponto.
Mas para ti não.
Para ti quer dizer que se numa noite estão na praia, ela já com uns copos, está lua cheia, os planetas estão alinhados e um meteorito ameaça a Terra... podias muito bem ir para a cama com ela!!
Por isso engoles... Por isso nunca perdes a esperança.
Ela sai com o Joe?
Isso vai acabar. E quando isso aconteçer, tu atacas com a técnica de consolador: "Não chores, o Joe era um chulo. Tu mereçes muito melhor, alguém que te compreenda, alguém que esteja no sítio certo quando tu precisas, que seja baixito, que seja moreno, que não seja muito bonito, que se chame John...COMO EU!!"
Pelo menos, sendo amigo podes meter nojo para eliminar concorrência.
É a técnica da "lagarta nojenta". Quando ela te diz:
* Que simpático é o Paul, não é?
* O Paul? É muito simpático... só é pena ser um pouco estrábico.
* Ele não é estrábico, o que tem é um olhar muito ternurento.
* Sim, tens razão. No outro dia reparei nisso quando olhava para a Marta.
* Não estava a olhar para a Marta, estava a olhar para mim!
* Vês como é estrábico?
O cúmulo dos cúmulos é o facto dela considerar ter uma relação "super especial" contigo quando pode dormir na mesma cama sem que se passe nada.
COMO É QUE É??!!
Então o "super especial" não seria que se passasse algo?!
Um dia depois de uma festa, tu ficas a ajudá-la a limpar, como fazes SEMPRE, e quando acabam ela diz:
* UH! Que tarde. Porque é que não ficas cá a dormir?
* E onde é que durmo?
* Na minha cama.
Aí, até te tremem as pernas. "Esta é a minha noite, alinharam-se os planetas!".
Passados uns minutos, dás-te conta que não são precisamente os planetas que se alinharam, porque ela, como são amigos, com toda a confiança fica em roupa interior e tu, pelo que vês, pensas: "Vou ter que ficar de boxers. Com todo o alinhamento de planetas que tenho em cima..."
É, assim que te metes na cama, dobras os joelhos para dissimular.
Ela mete-se na cama, dá-te uma palmada no rabo e diz-te "Até amanhã". E põe-se a dormir!
"COMO É QUE É??!!
Como é que se pode pôr no ronco tão cedo? E esta fulana não reza nem nada?"
Estás na cama com a rapariga dos teus sonhos. No início nem te atreves a mexer, para não tocar em nada. Sabes que se nesse momento fizessem um concurso, ninguém te podia ganhar: és o gajo mais quente do mundo. E como é longa a noite! Vem-te á cabeça um monte de perguntas: "Tocar uma mama com o ombro será de mau amigo? E se é a mama que toca em mim?" Mas depois de muitas horas, já só fazes uma pergunta:
"SEREI REALMENTE UM MANSO?!"
Não podes acreditar que estás na mesma cama e não se vai passar nada. Confias que, a qualquer altura, ela vai dar a volta e dizer "Anda lorpa, que já sofreste bastante. Possui-me!"
Mas não.
Para as mulheres parece que nunca sofremos o suficiente. E como sofres... Porque tens todo o sangue do corpo acumulado no mesmo sítio. Já houve mesmo casos
de homens que rebentaram.
Mas ainda não acabou a tua humilhação. Ás 7 da manhã tocam á campaínha:
* AH! É o Joe!
* O Joe? Mas ele não te tinha deixado?
* Depois conto-te tudo. Estou com pressa. Esqueci-me de te dizer que o Joe ia trazer o cão. Como vamos á praia eu disse-lhe que ficando contigo o cão não podia estar em melhores mãos. Porque tu és um amigo!
UH?! Estás com má cara. Dormiste bem?
E aí ficas tu com o cão, que esse sim é o melhor amigo do homem.

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Teaser audio da próxima emissão

teaser emissao 27-04-08.mp3 (1:14m.)

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25 de Abril - Uma revolução ingénua
Emitido em 20/04/2008

O programa completo está online na página de Pedro Laranjeira.

A revista Perspectiva , distribuída com o jornal Público, dedica, na sua edição deste mês, um artigo a esta emissão da almofada.

Também a parceria com a associação cívica Vidas Alternativas dá os primeiros frutos, com dois programas completos disponíveis no site. Brevemente, a entrevista de Snowman a António Serzedelo para a próxima emissão do VA.

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quinta-feira, 17 de abril de 2008

. quinta-feira, 17 de abril de 2008
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A MINHA ALMOFADA TEM RÁDIO #7 [25 de Abril - Uma Revolução Ingénua]

RÁDIO ZERO - DOMINGO - 10 HRS.

OUVIR O PROGRAMA COMPLETO

25 de Abril de 1974.

A revolução está em marcha.

Milhares de pessoas, em clima de festa e exaltação, acompanham as movimentações militares.

O reporter Pedro Laranjeira e a sua companheira Barbara Skolimowska acompanham a coluna do MFA, comandada pelo capitão Salgueiro Maia. A eles junta-se Adelino Gomes, já então um jornalista de referência.

Juntos, captam todas as emoções desse dia histórico: uma revolução ingénua, surreal, à portuguesa: Salgueiro Maia não sabia o caminho para o Largo do Carmo, os chaimites paravam obedientemente nos semáforos, a GNR foi corrida à pedrada, as comunicações rádio entre as forças fieis ao governo oscilam entre o desvario e o nonsense Monty Python...

Hoje com 63 anos, Pedro Laranjeira cedeu-nos amavelmente os sons que gravou nessa quinta-feira e que vamos ouvir durante esta emissão da almofada.

São instantâneos sonoros do que era Portugal e de quem eram os portugueses há 34 anos.

Na verdade, talvez não tenhamos mudado assim tanto como poderemos pensar...

E lançamos pontes sonoras entre cantautores interventivos - Sérgio Godinho, José Mário Branco, Francisco Fanhais, Adriano Correia de Oliveira, José Afonso e outros trovadores, de outras paisagens - Radiohead, Tyler Ramsey, Oren Lavie, Lou Reed...



1º Bloco (2:27 m.) - Rua do Ouro, Lisboa, 9 horas da manhã. "Isto é só o início!" diz um homem, excitado.

Uma festa surrealista, à portuguesa, como se se tratasse de uma peça de teatro, refere Adelino Gomes.

...da falta de cultura do povo, até à falta de uma camera de televisão, passando pela falta de sentido de orientação de Salgueiro Maia.


José Mário Branco - Eh companheiro


Tyler Ramsey - Ships

2º Bloco (2:56 m.) - Já no Rossio, um jovem grita ao reporter: "Isto é porreiro, pá! Porreiro!"

As pessoas estão entusiasmadas com aquilo que não sabem bem ainda o que é!...

Adelino Gomes relembra um homem que se agarra ao microfone e despeja tudo o que lhe vem à cabeça.


Sérgio Godinho - Liberdade


Oren Lavie - Her morning elegance

3º Bloco (2:32 m.) - Os revoltosos enfrentam uma coluna da Guarda Republicana. Salgueiro Maia está tranquilo: A GNR não tem armamento, nem carros de assalto, as viaturas blindadas estão desactualizadas...

Entre os militares fieis ao governo, charlie papa não sabe bem onde estão os militares revoltosos, enquanto charlie alfa procura ainda entender o que se está a passar...


Francisco Fanhais - Porque
Lou Reed - September song

4º Bloco (2:06 m.) - De como os 200 gajos da companhia da GNR, animam a tarde até serem corridos à pedrada pelo povo, insuflado pela força que esta recente liberdade lhe transmite.

Entretanto charlie papa continua perdido nas ruas de Lisboa e charlie alfa responde: "Entendido! Entendido!"


Adriano Correia de Oliveira - Cantar de emigração
Radiohead - Fake plastic trees

5º Bloco (2:54 m.) - A GNR e os revoltosos encontram-se olhos nos olhos...há alguma tensão: no entanto, a GNR está "de baioneta calada" enquanto os militares exibem as suas G3.

Um Furriel pede educadamente licença para passar e troca galhardetes com os companheiros da Guarda: afinal somos todos portugueses, ou não?

Os soldados deixam-se vencer pelo cansaço e relaxam um pouco...Tudo termina em bem, apenas com uns vidros partidos.


José Afonso - A morte saiu à rua
Kalú e Nuno Rafael - O Charlatão

Nota: toda a edição sonora do som original de Pedro Laranjeira efectuada por Snowman




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segunda-feira, 14 de abril de 2008

. segunda-feira, 14 de abril de 2008
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Marca Branca: Programa #6

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quinta-feira, 10 de abril de 2008

. quinta-feira, 10 de abril de 2008
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A MINHA ALMOFADA TEM RÁDIO #6
RÁDIO ZERO - DOMINGO - 10 HRS


Sabia que há…
Músicos alemães com influências soul e blues (Flanger)?
Reggae roots e infusões funk (Kultiration), cantautor de humor peculiar (Cornelis Vreeswijk) e fun pop para colorir o dia (Maia Hirasawa) na Suécia?
Um trio de cantoras israelitas com vocais quentes e solarengos (Habanot Nechama)?
Chanson française de tendências excêntricas e elementos retro (Vincent Delerm)?
Doce folk islandesa com reviravoltas macabras e arranjos vibrantes (Hafdis Huld)?
Uma cantora dinamarquesa de voz texturada a pairar sobre influências jamaicanas (Ane Trolle)?
Swing jazz planante e esparso (Gwyneth Herbert) e frescura vibrante no folk vindo da Inglaterra (Kat Flint) ?
Pop cativante, emotivo e memorável na África do Sul (Farryl Purkiss)?
Jump-up reggae com pitada de funk (Karolina & Funset)?

(Internet for dummies: Siga os links amarelos, carregando ao mesmo na tecla CTRL para ser redirecionado para o sítio dos artistas)


6ª Emissão, meia dúzia de deliciosos contos de humor, desde o fresco Woody Allen dos anos setenta, passando pelo nonsense do francês Queneau, o desconcertante espanhol Enrique Poncella, o precioso autor uruguaio Benedetti, o medieval Boccaccio até uma crónica-conto de Alexandre O'Neill.


"Chichibio" de Boccaccio.

Escritor imortalizado por Decameron, clássico da literatura medieval, de onde este conto é retirado.


Chichibio, cozinheiro de Currado Gianfigliazzi, com uma pronta palavra em seu favor torna em riso a ira de Currado e escapa à má fortuna com que Currado o ameaçava.


"Um amor oculto" de Enrique Jardiel Poncela.

Um dos mais populares humoristas espanhóis. Este pequeno conto encontra-se em Pirulis de la Habana (Lecturas para Analfabetos), a primeira compilação de jardiel, publicada em 1927.


"(...) Vi a horível verdade. Leocadia era surda.
- Quê?- insistia
-Que também eu te amo com toda a alma!- repeti, gritando.
E arrependi-me em seguida, porque se viraram dez fregueses para me olharem, evidentemente incomodados.
- A sério que me amas?- perguntou, com essa maçadoria própria dos apaixonados e dos agentes de seguros de vida.
- Jura-mo?
- Juro!
- Quê?
- Juro!
- Diz lá que juras que me amas...
- Juro que te amo!- vociferei
Olharam-me com ódio vinte fregueses.
- Que idiota!-sussurrou um deles.- Isto é que se chama amar de viva voz.
- Então- seguiu a minha amada, alheia à tormenta-, não te arrependes de que eu tenha vindo a Madrid?
- De modo nenhum!- gritei, decidido a enfrentar tudo, porque me pareceu estúpido sacrificar o meu amor à opinião de uns senhores que falavam do Governo.
- E agrado-te?
- Muito!
- Nas tuas cartas dizias que os meus olhos eram muito melancólicos. Ainda achas?
- Sim!- gritei, como se estivesse a dar uma conferência na Praça de Touros.
Os teus olhos são muito melancólicos!
- E as minhas pestanas?
- As tuas pestanas, reviradíssimas!
- E a minha figura?
- Muito elegante!
Todo o café nos olhava. Todas as conversas se calavam, só me ouviam a mim. Nas montras começaram a ver-se transeuntes curiosos que contemplavam a cena.(...)"



"A Expressão" de Mario Benedetti.

Este Uruguaio, autor de uma vasta obra literária, escreveu vários livros de contos humoristícos, entre eles Cuentos, publicado em Espanha, de onde foi extraído este divertido texto.




"A puta de Mensa" de Woody Allen.

Allen Stewart Konigsberg publicou este conto originalmente no New Yorker, tendo sido depois incluído no seu primeiro livro Without Feathers de 1975. O título do conto brinca com a Sociedade Mensa, uma espécie de clube para os muitíssimo inteligentes.


"(...) Fiz a barba e bebi café forte enquanto consultava a série de resumos do Monarch College. Menos de uma hora depois, batiam à porta. Abri, e à minha frente estava uma jovem ruiva, embalada numas calças à boca de sino, como dois grandes cones de gelado de baunilha.
- Olá, sou a Sherry.
Sabiam mesmo excitar-nos a fantasia. Cabelo comprido liso, carteira de cabedal, brincos de prata, sem maquilhagem.
- Até me espanta que a deixassem entrar vestida dessa maneira – disse eu. - O detective do hotel normalmente nota uma intelectual à légua.
- Uma nota de mil acalma-o logo.
- Começamos? – disse eu, encaminhando-a para o divã. Ela acendeu um cigarro e pôs-se ao assunto.
- Acho que podíamos começar com uma abordagem do Billy Budd como a justificação que Melville dá para os insondáveis desígnios de deus para com o Homem, n’est-ce pas?
- Mas o interessante, no entanto, é que não é no sentido miltoniano. – Eu estava a fazer bluff. A ver se ela caía.
- Não. Paradise Lost não tem a subestrutura do pessimismo. – Caiu.
- Certo, certo. Caramba, tem toda a razão – murmurei.
- Penso que Melville reafirmou as virtudes da inocência num sentido ingénuo e, no entanto, sofisticado – não concorda?
Deixei-a continuar. Nem devia ter dezanove anos, mas já ganhara o calo da facilidade do pseudo-intelectual. Matraqueou as ideias dela, toda ligeirinha, mas era tudo mecânico. Sempre que eu lhe dava uma ideia, ela fingia uma reacção.
- Sim, Kaiser, sim, filho. Essa é profunda. Uma compreensão platónica do cristianismo… como é que não vi isso antes?
Falámos aí uma hora e depois ela disse que tinha de ir. Levantou-se e eu dei-lhe nota vinte.
- Obrigada, querido.(...)"



"(Da boa utilização dos calmantes)" de Raymond Queneau.

Tendo sempre demonstrado um grande interesse pelas ciências e pelas literaturas lúdicas, o francês Queneau vem a fundar o Oulipo (Ouvroir de Litérature Potentielle). Este desconcertante texto foi publicado em Conts et Propos (Contos e Ditos) postumamente em 1981.



"O citadino Pipote" de Alexandre O'Neill.
O'Neill não se pode considerar verdadeiramente um contista, embora algumas das suas famosas crónicas possam ser consideradas ficções curtas. É o caso deste texto, retirado da compilação Uma coisa em forma de assim (1980). Aqui revelam-se as características do humor irreverente, temperado pela auto-ironia, num estilo feito de frases quase lpidares, a lembrar por vezes o slogan publicitário, em que, aliás, era mestre.




foto: Hugo Tinoco

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quarta-feira, 9 de abril de 2008

. quarta-feira, 9 de abril de 2008
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COOL MAG


"A le cool magazine é uma revista semanal gratuita, que apresenta uma selecção de exposições, concertos, d.j. sets, exibições de filmes antigos, peças de teatro e uma série de outros eventos culturais e de entretenimento.
A
le cool é também um guia de lojas, restaurantes, bares e outros locais de ócio, sem serem necessariamente trendy, apenas com qualidade e que valham realmente a pena."

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segunda-feira, 7 de abril de 2008

. segunda-feira, 7 de abril de 2008
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A minha almofada disse:

Será que os donos daqueles restaurantes javardolas fechados pela ASAE vão parar à cadeia...alimentar?

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domingo, 6 de abril de 2008

. domingo, 6 de abril de 2008
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Marca Branca: Programa #5

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sexta-feira, 4 de abril de 2008

. sexta-feira, 4 de abril de 2008
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A MINHA ALMOFADA TEM RÁDIO #5
RÁDIO ZERO - DOMINGO - 10 HRS


Arrastámos o corpo até ao sotão munidos de um espanador mágico e, depois da poeirada assentar, surgiram velhos discos de capas psicadélicas...
Pink Floyd, King Crimson, Yes, Procul Harum, Jethro Tull, The Velvet Underground, Genesis, Bob Dylan e outros dinossauros mais ou menos fossilizados,relativamente progressivos, subtilmente sinfónicos.





E viajamos pelo delta em busca de um ou dois blues, daqueles que aquecem a alma e elevam o espírito.



Saudades?

Só se for dessa coisa grosseira que é uma grande bacalhauzada com grelos...
Como o aventureiro João sem Medo, "um pequeno burguês gabarola que se ilude de não parecer covarde", que vivia em Chora-Que-Logo-Bebes e um dia resolveu saltar o Muro e conhecer a Floresta Branca, uma espécie de Parque de Reserva de Entes Fantásticos.

José Gomes Ferreira, nascido na Rua das Musas da cidade do Porto, licenciado em Direito, poeta, ex-cônsul, ex-figurante de cinema é o autor deste panfleto mágico em forma de romance.

Romance publicado em Lisboa em 1963, na Colecção Contemporânea da Portugália Editora.

A 2ª e 3ª edições saíram em 1974, na mesma editora, com o subtítulo "panfleto mágico em forma de romance". As publicações posteriores ficaram a cargo das "Edições D. Quixote".

Na última parte da dedicatória que abre esta obra, afirma o autor que "As Aventuras Maravilhosas de João Sem Medo" são um "divertimento escrito por quem sempre sonhou conservar a criança bem viva no homem" (e o próprio autor dizia recusar-se a ter mais de 20 anos). "E poucos livros conseguiram operar de forma tão nítida este prodígio: foi escrito para a juventude, mas os chamados adultos identificaram-se plenamente com o universo mágico que ele encerra" - como diria anos mais tarde José Jorge Letria.

Mas aquilo que à primeira vista é apenas um "divertimento literário", serve também de panfleto irónico ao Portugal do Fascismo, com o seu atraso em relação ao resto do Mundo civilizado ("Os relógios não marcavam as horas, os minutos e os segundos, mas os séculos", como escreve o autor numa passagem da obra), os seus dramas - a falta de liberdade de expressão e representação, a alienação no plano político, a negação do indivíduo como actor-sujeito, a recusa da sua transcendência - e lutas quotidianas em tempo de repressão (metaforizado na aldeia "Chora-Que-Logo-Bebes", onde nasceu João, o protagonista da obra, e obsessivamente em muitos outros espaços. João, por exemplo, durante o seu percurso circular de saída e retorno à casa da aldeia, anda atento - com os olhos do corpo e os da alma - ao que o rodeia, enxergando um mundo diferente que o espanta, uma vez que é um mundo de regras diferentes e às avessas - a tristeza faz rir e a alegria chorar, anda-se de mão no chão e pés para cima, invoca-se o "Diabo das Alturas", etc -, onde tudo se transforma, e em cujo processo transformativo nem o próprio João escapa. A situação psicológica do espanto é partilhada pelo autor, face ao seu próprio mundo).

João Sem Medo é um dos sujeitos irónicos da obra, ironizando sobre tudo o que lhe acontece, inclusivamente mostrando saber que está vivendo dentro de um determinado modelo narrativo (a certa altura, por exemplo, pensa que haverá de agir "como todos os heróis de contos populares nas circunstâncias em que me encontro". Dirige-se também ao narrador como uma personagem plurificada: "Não me digam que aqueles cabeças de vento se esqueceram da luzinha para me guiar. E agora? O que hei-de fazer ao raio da vida sem a luzinha?"

Esta e outras personagens parecem ser leitoras delas próprias, analisadoras e críticas do narrador que as conta, e quase interpretadoras do próprio autor, que paga com a mesma moeda da ironia, a ironia de que é alvo por parte das personagens). Depois da sua viagem (e nomeadamente depois de passar pelo "Vale das Experiências"), João Sem Medo parece ter descoberto a verdade em si, e pretende regressar à sua aldeia natal como um Messias ou D. Quixote (capaz de todos os "golpes de Estado"). Mas o que é certo é que não consegue assumir-se como mais do que um "agente-desalienante" (aprisionado dentro de um sonho), tal como José Gomes Ferreira não conseguiu ser mais do que um combatente cuja luta só se poderia concretizar no plano dos "Projectos". A crítica de Alexandre Pinheiro Torres a esta obra (in "Vida e Obra de José Gomes Ferreira), é clara e deixa praticamente tudo dito àcerca dela : “Livro sem qualquer paralelo na literatura europeia de hoje, ganha no confronto em relação a outras célebres alegorias políticas (...)”

Naturalmente, este programa sabe melhor se for ouvido...com a cabeça na almofada!






“― Bem – pensou. ― Cá estão os dois caminhos fatais: o do Bem e o do Mal. (Como se houvesse caminhos nítidos do Bem e do Mal!) Já esperava por eles. Agora, para completar a comédia, falta apenas a respectiva fada… Uma fada a valer, de varinha de condão, que regule o trânsito à laia de polícia sinaleiro. Lá sem fada é que eu não passo.
E pôs-se de novo aos gritos de troça:
― Eh! Fada dos bosques! Aparece, rica fada da minh’alma.
Então ― ó pasmo dos pasmos! ― João Sem Medo viu sair da espessura da floresta um ser prodigioso que de longe parecia uma mulher jovem e bela, cabelo loiro até à cintura, três estrelas de prata na testa, varinha na mão direita, roca na mão esquerda, túnica bordada de rubis e esmeraldas, chapinsdellatina e tudo o mais que as fadas costumam usar nos bailes de Entrudo.
No primeiro momento contemplou-a, deslumbrado. Mas, à medida que a observava mais de perto, o sorriso inicial desfez-se pouco a pouco em caretas de desconfiança.
― És a Fada dos Dois Caminhos? – inquiriu, duvidoso. ― Palavra? Mostra cá o bilhete de identidade.
― Não acreditas? – protestou, para desviar a conversa, a hipotética fada com voz aflautada, voz de máscara aos guinchos. ― Sim, sou a Fada Infalível, a Fada Lugar-Comum…
― Acredito, acredito… – concordou o rapaz por zombaria complacente.
E insistiu em examiná-la, com manifesta vontade de rir. E com razão. Pois a pseudo fada parecia… Parecia, não. Era… Era mesmo um homem vestido de mulher, como se deduzia no desarrumo da cabeleira postiça à banda, no negror evidente da barba mal disfarçada por várias camadas de pó-de-arroz, além da maneira canhestra e hirta de andar e da falta daqueles mil e um ademanes femininos tão difíceis de imitar pelos homens. O jeito de pentear os cabelos com os dedos, por exemplo.
Embora não desejasse humilhá-lo, João Sem Medo não evitou um incondescendente riso de chacota.
― Que queres, filho? – explicou a fada falsificada, vexadíssima, a tropeçar na túnica. ― Quando telefonaram para a Repartição da 3ª Mágica a requisitar uma funcionária, só me encontrava lá eu, que sou contínuo, e uma fada já muito velhinha, muito perra, entrevada de reumatismo e com mais de 50 000 anos de serviço activo, quase na idade da reforma por inteiro, coitadinha! E então, por uma questão de prestígio, ofereci-me para esta fantochada. Nem quero pensar no que diria o Mago-Mor se não mandássemos uma fada válida para os Dois Caminhos. Pregava-nos uma descompostura tremenda. Foi por isso que me mascarei e vim… Não julgues, porém, que não percebo de artes mágicas! “

excerto de As aventuras de João Sem Medo de José Gomes Ferreira

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