Alguns dos discos mais almofadados de 2008

Iniciamos hoje a divulgação de alguns dos melhores discos de 2008.

Até ao fim do mês de Janeiro iremos publicar as nossas listas, construídas aleatoriamente, sem nenhuma classificação particular: apenas alguns dos discos que mais gostámos de escutar durante o ano passado - um ano de descobertas, em certos casos, notáveis.

Aos 38 anos, Beck Hansen pode não conseguir exactamente surpreender. Mas ser consistente não é um crime - Modern Guilt é mais um grande disco de Beck. A maneira única e orgânica como o produtor Danger Mouse concilia os beats lo-fi com as texturas clássicas da pop e do rock permitiu a Beck fazer um discreto albúm psicadélico que evita pastiches embora detenha alguma acessibilidade mainstream.De facto, relembra trabalhos anteriores de Danger Mouse como Demon Days dos Gorillaz e, menos previsivelmente, a era Blur. A música deste álbum é cheia de melodias diversas, ricas e de ritmos inteligentes e contagiantes.
Beck - Modern Guilt - Modern Guilt

O duo Danny e Tiffany Preston têm uma afinidade com a composição de músicas suavemente dançáveis, saturadas com elementos e influências do Médio Oriente. No seu EP de estreia como Rainbow Arabia, o casal Preston procurou o seu caminho em direcção às pistas de dança, juntando teclas, baixos e cordas de uma maneira coesa e saltitante. Os vocais a fazer lembrar o canto das sereias e uma linha de baixo pulsante adornam a faixa de abertura "Omar K," dando o mote para uma deliciosa exibição sonora de The Basta. Os restantes temas do disco mantêm este pulsar nomádico, dançável e brilhante.
Rainbow Arabia - The Basta - Omar K

Ólöf Arnalds vem da falida Islândia e compõe uma variante suave e gentil de música folk; as canções dela têm o efeito de congelarem o mundo exterior durante os abençoados minutos em que se tornam vivas. No albúm Við Og Við, a sua música é feita daqueles subtis momentos em que sustemos a respiração e não precisa, para atingir esse efeito, de mais do que a sua voz e uma guitarra. Em “Englar Og Dárar,” Arnalds procura as notas nas cordas da sua guitarra de uma forma tão íntima e aconchegante que ficamos suspensos da vida durante estes três minutos de pura e rara beleza.
Olof Arnalds - Englar og darar.mp3

O saxofonista alto Bobby Watson terá conseguido finalmente, com o álbum From the Heart justificar a comparação com a tradição hard bop do seu mentor Art Blakey. Com esta banda os Live & Learn - bem como com a anterior, os Horizon - Watson presenteia-nos com grooves verdadeiramente efervescentes.Com material original de vários membros da banda e o frisson dos veteranos (como o próprio Watson e o baixista Curtis Lundy), From the Heart inclui grandes temas up-lifting ilustrados pela abertura “Wilkes BBQ”, em que a contribuição de Lundy e do baterista Quincy Davis enquadram uma melodia contagiante.
Bobby Watson - From The Heart - Wilkes BBQ

É um pormenor, mas de grande importância: este excelente albúm dos Boduf Songs, How Shadows Chase the Balance é uma extensão de Scavengers dos nova-iorquinos Calla: um album essencialmente baseado na folk com piscadelas de olho ao rock e à música electrónica, com um tom gloomy e dark. Porque é que alguém gostaria de ouvir um disco destes? Bem, basicamente porque alivia os nossos medos, as nossas dores, os nossos pesadelos...How Shadows Chase the Balance é, definitivamente, um dos melhores álbuns indie de 2008.
Boduf Songs - How Shadows Chase the Balance - Things not to be Done on the Sabbath