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Almofada #27
O que é o horror percebeu-o muito bem Edgar Allan poe escritor norte-americano, nascido em Boston a 19 de Janeiro de 1809. Ninguém revolucionou tanto a época em que viveu como Allan Poe. A sua obsessão pela originalidade, um dos seus horizontes, é conhecida através do seu trabalho de crítico literário e teórico da literatura. Mas a par deste trabalho Edgar havia de destacar-se como poeta e escritor de pequenos contos, género que apurou até à modernidade que hoje conhecemos. O género policial que hoje conhecemos foi forjado por Poe. E também o horror povoou a mente do poeta escritor.
Edgar Allan Poe escreveu vários pequenos contos que podemos considerar de terror. Entre eles, "Berenice", "The Mask of the Red Death", "The Oval Portrait", e "The Premature Burial , que escolhemos para ilustrar a almofada #27, inspirada pelo halloween.
Nestas obras Poe refundiu um género e criou algumas das mais clássicas temáticas do Terror.
O mérito de Poe na escolha da temática, embora original e refrescante, não se compara à genialidade da sua técnica e ao poder totalitário das suas evocações.

Antes de mais o ambiente. Os sons tétricos e inexplicáveis povoam as histórias do escritor.
Henry Cowell The Banshee
As imagens esfumadas ou surpreendentes. Os retratos desconhecidos ou os rostos desfigurados ajudam a compor um clima de ansiedade a que leitor algum escapa. As cores são outro dos seus recursos, o contraste entre um mundo negro onde o branco prenuncia sempre morte e desgraça e o vermelho raramente é outra coisa que sangue.
Depois, as localizações. O autor coloca-nos sempre em locais inóspitos, de Invernos tempestuosos ou desoladores, Verões sufocantes, outras vezes. Os caminhos são atribulados, as casas, mansões e palacetes que surgem são estranhos e sobrenaturais.
A intriga é, depois, com uso destes artefactos metafóricos e metonímicos, urdida em filigrana de modo a provocar no leitor dúvida e temor. E, finalmente, pânico e horror, com as descobertas que o narrador ou as personagens principais realizam no culminar das histórias.
A sua técnica inclui a alienação das personagens, o recurso ao sobrenatural e ao inexplicável. Utiliza a catarse da tragédia grega amplificando os seus efeitos com a introdução de momentos, em pormenor, do horror. Da passagem de uma situação de tensão, de ansiedade, construída ao longo de uma intriga servida de elipses, insinuações, interrogações, onde, por fim, a morte chega pelas mãos de algo que nos gela.

O impacto que produz os efeitos desejados no leitor sem que este seja interrompido pelos momentos quotidianos da sua vida. Nos contos de horror que referimos pode dizer-se, sem qualquer dúvida ou questão, que Poe conseguiu o que desejava com a sua escrita.
No momento em que o leitor é confrontado com a passagem para a situação convulsiva, de morte, dor, destruição, putrefacção ou simplesmente vazio, já há muito que se sentia incomodado, duvidoso, ansioso e preocupado. Estados onde Edgar Allan Poe nos conduz com calma, segurança e mestria. E morte, muita morte.
Texto de Domingos Farinho em CTLX Cineclube de Terror de Lisboa
Alinhamento:
Frontier Ruckus One story carpot houses
Munk & James Murphy Kick out the chairs
Michael Zapruder Ad's in
"A morte vermelha"
Mazgani Lay down
Of Montreal St Exquisite's confessions
Mareva Galanter & RufusWainwright Serge et Jane
"O retrato oval"
Intense & Molly Duncan Jammin' in my head
Norah Jones & Joel Harrison Tenesee Waltz
"O enterro prematuro"
Ane Brun Changing of the seasons
Heather Nova Hollow
Nestas obras Poe refundiu um género e criou algumas das mais clássicas temáticas do Terror.
O mérito de Poe na escolha da temática, embora original e refrescante, não se compara à genialidade da sua técnica e ao poder totalitário das suas evocações.

Antes de mais o ambiente. Os sons tétricos e inexplicáveis povoam as histórias do escritor.
Henry Cowell The Banshee
As imagens esfumadas ou surpreendentes. Os retratos desconhecidos ou os rostos desfigurados ajudam a compor um clima de ansiedade a que leitor algum escapa. As cores são outro dos seus recursos, o contraste entre um mundo negro onde o branco prenuncia sempre morte e desgraça e o vermelho raramente é outra coisa que sangue.
Depois, as localizações. O autor coloca-nos sempre em locais inóspitos, de Invernos tempestuosos ou desoladores, Verões sufocantes, outras vezes. Os caminhos são atribulados, as casas, mansões e palacetes que surgem são estranhos e sobrenaturais.
A intriga é, depois, com uso destes artefactos metafóricos e metonímicos, urdida em filigrana de modo a provocar no leitor dúvida e temor. E, finalmente, pânico e horror, com as descobertas que o narrador ou as personagens principais realizam no culminar das histórias.
A sua técnica inclui a alienação das personagens, o recurso ao sobrenatural e ao inexplicável. Utiliza a catarse da tragédia grega amplificando os seus efeitos com a introdução de momentos, em pormenor, do horror. Da passagem de uma situação de tensão, de ansiedade, construída ao longo de uma intriga servida de elipses, insinuações, interrogações, onde, por fim, a morte chega pelas mãos de algo que nos gela.

O impacto que produz os efeitos desejados no leitor sem que este seja interrompido pelos momentos quotidianos da sua vida. Nos contos de horror que referimos pode dizer-se, sem qualquer dúvida ou questão, que Poe conseguiu o que desejava com a sua escrita.
No momento em que o leitor é confrontado com a passagem para a situação convulsiva, de morte, dor, destruição, putrefacção ou simplesmente vazio, já há muito que se sentia incomodado, duvidoso, ansioso e preocupado. Estados onde Edgar Allan Poe nos conduz com calma, segurança e mestria. E morte, muita morte.
Texto de Domingos Farinho em CTLX Cineclube de Terror de Lisboa
Alinhamento:
Frontier Ruckus One story carpot houses
Munk & James Murphy Kick out the chairs
Michael Zapruder Ad's in
"A morte vermelha"
Mazgani Lay down
Of Montreal St Exquisite's confessions
Mareva Galanter & RufusWainwright Serge et Jane
"O retrato oval"
Intense & Molly Duncan Jammin' in my head
Norah Jones & Joel Harrison Tenesee Waltz
"O enterro prematuro"
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Heather Nova Hollow
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